quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ele, a Menina, o Sol e a Lua








Ele, a Menina, o Sol e a Lua




Ele tirou da bolsa uma caneta e um bloco de papel, e começou a escrever sentado em frente ao quebra mar. As ondas batiam nas pedras com força e costume, e o vento salgado deixava seu corpo melado, grudento. O mar entrava pelo seu nariz, ampliando sua respiração e trazendo também o som das ondas numa música cheia de bossa.
O mar é infinito (pensou ele), mas o infinito é tudo que somente não podemos medir, e pra ele o mar era de fato infinito. Registrava todas essas sensações no seu bloco de notas, e se esforçava para rimar palavras e construir sentimentos a partir daquele momento dele com o mar. O sol partia sem esperar que suas rimas nascessem e germinassem. Já no ultimo momento, antes de partir, o astro rei ainda esperou o grande momento de a poesia nascer, mas foi em vão, o bloco de notas continuava a germinar observações e não poesia.
Por fim,  quando já não tinha ele esperanças, e recolhia a caneta e o bloco na sua bolsa, chega ao seu lado uma menina que brincava com sua bicicleta no calçadão e lhe diz:
_ Você não viu como o sol ficou todo enxerido esperando a lua chegar?
Ele olhou para o outro lado e viu uma lua linda e vigorosa, com um amarelado que vinha dos raios do sol, e assim percebeu a poesia daquele momento.
Toda criança nasce poeta. Ela tem o olhar da poesia, e sabe que tudo e todos interagem numa só substância chamada vida, por isso é que o poeta busca manter um olhar lúdico sobre o mundo, e naquele momento Ele percebeu que não conseguiu escrever o poema, porque ele estava de fato vivendo uma poesia, Ele, a Menina, o Sol e a Lua.
                                                                                                                 Daniel Porto

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