sábado, 28 de janeiro de 2012

UM AMOR DO PASSADO


Um dia eu conheci uma menina
Beijos de criança trocamos
Seu encanto irradiava no seu olhar
Mas era menina, não mulher
E o tempo pôs-se a passar.
Vivemos vidas, sofremos histórias
Cada um no extremo do outro
E a lembrança ficou em mim
Não de nada que vivemos
Pois breve foi como a brisa,
Mas sim do encanto que sempre irradiou,
Dos olhos da menina.
Hoje ela cresceu
Mulher de luz e brilho
Seu sorriso é sereno
Lindo como uma manhã de sol
Seja feliz meu Rouxinol
E cante nas manhãs de todos nós!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Histórias de Criança: Rui, ui,ui,ui !


Histórias de Criança: Rui, ui, ui, ui !


Nunca fui uma criança de má índole, mas confesso que era um pouco...digamos assim, danado. Gostava de brincar, zoar os amigos e até os não tão amigos assim. Foi isso o que aconteceu um belo dia no colégio de freiras em que eu estudava.

Eu fazia a 4ª série primária (antigo sistema de ensino) e tinha um colega de classe de nome Rui.

O Rui era um dos alunos mais estudiosos da classe, rapaz muito polido, de gestos leves e altivos, tinha um perfil esguio, magro, elegante. Parecia um Lorde inglês, fadado ao sucesso, diante de meninos atarracados de perfil cearense, como era o meu caso.

Nunca tinha parado para analisar o Rui. Em um belo dia, cismei com ele, com seus gestos e modos, e diante de sua suavidade ao falar comigo, comecei a repetir a frase: Rui, ui,ui,ui, Rui. Aquilo pegou como chiclete na boca da meninada e, mal sabia eu, que estava praticando o que hoje chamam de bullyng. Não queria ridicularizar ninguém, mas não posso negar que foi engraçado.

Diante da brincadeira, o Rui foi às vias de fato comigo, me batendo forte e levando o troco, com uma certa condescendência, é claro, por ter sido ele o “zoado” pela turma, digamos assim.
No dia seguinte ao fato, chegava eu ao colégio no horário de costume, quando fui interpelado por um amigo, ”informante” que me alertou:

__ Daniel, não entra agora não rapaz!

__ O que está havendo?

­­__ A mãe do Rui está aqui no colégio. Já fez chorar o Edivalson, o Carlos Eugênio, e está no momento conversando com o Nabuco, mas ela pergunta mesmo é por ti !

Não sou de ter medo, mas aquilo me fez suar frio, e só piorou quando vi de longe, a Mãe do Rui com o dedo em riste na frente do Nabuco, e  a pobre criança de cabeça baixa, chorando, encostado na parede, acuado por aquela mulher alta, esguia, altiva, magra,tal como o Rui.

Rui olhava toda a cena por trás do ombro da mãe. Ele tinha um olhar de satisfação e vingança, diante do medo nos olhos dos colegas zombadores, só faltando então o meu “carão”.

Diante do perigo iminente, fui buscar esconderijo e abrigo, por trás da imagem de Nossa Senhora de Fátima, na gruta do colégio. Quando estava me sentindo seguro, vi a mãe do Rui olhando para mim lá debaixo da gruta, e me chamando, pois queria conversar comigo. Pensei em quem poderia ter dedurado meu esconderijo, ou se a mãe do Rui também era, como eu, devota de Nossa Senhora, enfim, agora não adiantava mais reclamar, tinha que enfrentar a ira de uma mãe zelosa, e o que é pior, a multidão de alunos que ficava espiando o espetáculo, com olhares risonhos e cínicos.
Desci com calma e medo da gruta, pedindo aos sussurros à santa, que me livrasse daquele momento, mas foi em vão. Quando cheguei em baixo, a mãe do Rui ficou tal qual um lutador de MMA, me deixando somente a parede da gruta como espaço para eu me escorar, não tendo mais outro ponto de fuga que me permitisse escapulir. Começou então o carão (sermão) mais bem dado que levei. Foram uns quatro minutos de muito dedo em riste, muitos nomes de moleque mal educado, baderneiro, etc. Ela só foi sossegando quando as primeiras lágrimas começaram a brotar dos meus olhos e lavar meu rosto. Aquilo foi o ápice para o Rui, que soltou um sorriso de Rei, diante da humilhação pública que eu estava sofrendo.

Para livrar meu sortilégio, tocou a campainha avisando do início da aula, e todos tinham que entrar nas salas, como é de costume. A mãe do Rui terminou a sessão de tortura psicológica, e eu fiquei enxugando as lágrimas e sendo consolado pelos amigos mais chegados, que batiam nas minhas costas e diziam para eu deixar pra lá; não me importar com isso. Outro dizia para nunca mais falar com o Rui, pois não era necessário aquilo tudo, só por uma brincadeira sem propósito, etc.

Recomposto, entrei na sala de aula, a turma toda me olhava com uma mistura de sentimentos e intenções. Uns com pena, outros com satisfação e outros com curiosidade; só o Rui parecia ainda mais altivo do que de costume. Tinha um sorriso de Rei na face, imponente e esguio como um “Lorde inglês”.

Pedi licença à professora, (que já sabia do acontecido) e entrei. Ao passar pela cadeira do Rui, tropecei na sua mochila, que tinha ele deixado de propósito para finalizar minha humilhação. Tropecei e a turma toda olhou, foi então que eu falei:

_Rui, ui,ui,ui, quase que eu caio !

E a classe toda foi abaixo em um ataque de riso.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MOMENTOS


Minha alma solitária chora seus sonhos,
Reza seus dias,  agoniza no tempo.
Minha sanidade seca e direta,
Bate na face,  mata devagar ,deprecia.
Nosso tempo é mentira.
No claustro das desilusões, a tristeza irradia.
Meus olhos trazem toda minha loucura escondida,
Cada lágrima minha a secar, é verbo, é dor, sou eu.

Daniel Porto

MATURIDADE


Luto pra ser menino
Menino no coração
Tolo, infantil, brincalhão
Puro de vida
Solto, sem solidão
Meu coração não é como antes
Dele restou o atropelo da desilusão
Mas por detrás, vem o menino saltitante
Livre de tudo, pronto para o novo furacão!
Daniel Porto

AS RUGAS


As Rugas


Elas chegam e os sonhos se vão
Viver é real
 e  é ai que percebemos
E  é ai que já é tarde
Não dá mais para voltar atrás
Fome que não cessa
Tempo que não para
Cristal que só é percebido depois de varias vezes caído
Angustia do real e imaginário
Do esperado e do acontecido
Tempo que nos ensina
Mesmo quando não aprendemos
Mesmo quando nos fechamos
Mesmo quando não passa
Nós passamos,ele não.