quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Trovas da poetisa Maria Mendes

Lembro de minha Avó Maria, sentada na sua cadeira de balanço, sempre fazendo palavras cruzadas, ou então rabiscando coisas em um caderno. Poetisa silenciosa, chegou a publicar um livro de seus versos, livro esse, que oportunamente irei resgatá-lo.
 Ontem, minha mãe me apresentou alguns de seus escritos  que ficaram perdidos no meio de seus papéis, e tal foi minha surpresa ao me deparar com sentimentos não da minha vozinha, mas de uma mulher maravilhosa, que trazia dentro da sua fisionomia frágil, e semblante de "Avó", uma vida de amor, desilusão, alegria, tristeza e "saudade" coisas que todos nós vivenciamos.

                             De onde vem tanta ventura

Depois de morta a amizade,

Vem de um misto de ternura

De paixão e de saudade.


Eu vivo aos poucos morrendo

Desta saudade sem fim,

Saudade de quem vivendo,

Não vive mais para mim.


Não sabem que encaro a vida

Com sorriso contrafeito,

Porque a saudade é ferida

Sempre aberta no meu peito.


Nós somos do altar sem cruz

De nossa infelicidade,

Dos candelabros sem luz

Da escuridão da saudade.


                                                              MARIA MENDES