Como desperdiçamos muito do nosso tempo com coisas que realmente não importam, com brigas, buscas, ambições e outros assuntos que se mostram tão desnecessários quando percebemos que vamos morrer.
O texto que segue é fruto de uma conversa que tive com um amigo não muito próximo, mas que não fala com seu filho há muito tempo. Eles brigaram feio, e hoje, por mais que o pai tente, o rapaz,que se transformou em um homem, não abre mão de manter o orgulho deixando a indiferença falar mais alto, desprezando a possibilidade de reencontrar o pai. Essa situação estava deixando meu amigo à margem da própria vida, pois ficava esperando o dia do reencontro, e tendo a angustia de pensar "e se não der tempo?", com isso, além de não viver esse reencontro, não vivia os encontros que a vida tão bondosa estava lhe ofertando todos os dias da sua breve vida.
E SE NÃO
DER TEMPO?
Quanto tempo leva uma vida? Quanto
tempo leva uma relação? Afinal, como saber se vamos ter tempo para vivermos
tudo o que queremos; se vai dar tempo para convivermos mais com quem amamos;
dirimir as desavenças e sanar as diferenças, e dizermos as palavras ensaiadas
por um longo tempo, aos que esperamos um dia rever, e que nos são tão caros.
Como podemos saber se vamos ter tempo para as coisas mais importantes das
nossas vidas?
Muitas pessoas convivem
constantemente com essa frase “e se não der tempo”, em suas
vidas, e isso pode servir para tornar mais objetivas e seletas as escolhas que
se faz, valorizando todas as decisões, mas por outro lado pode trazer uma
angustia profunda, incurável, e verdadeiramente desnecessária, isso acontece quando
não estamos no comando dos acontecimentos, e atrapalha o nosso caminhar nesse
pequeno espaço de tempo que chamamos vida.
Talvez nunca tenhamos tempo
de vivermos tudo o que queremos, de sorrir para quem almejamos em nossos
sonhos, de andar por lugares especiais, em momentos especiais, mas isso
verdadeiramente não importa. Não importa porque de nada vale nossa angustia,
ela só serve para aumentar a quantidade de coisas que ficarão sem tempo de
serem feitas, realizadas, compartilhadas, vividas. Quando vivemos com essa
pergunta em nossas mentes, deixamos de viver todo o resto que “está dando
tempo” de ser vivido.
O tempo que não se vive,
esperando viver o que se espera, é devastador. Ele vira veneno, e esse veneno
corrói tudo aquilo que está verdadeiramente em nossas mãos, no nosso arbítrio.
Felicidade é uma questão de
opção, e devemos insistir em sempre optar pela por ela, mesmo que a dor da
saudade, das magoas e das coisas negativas deixem marcas no nosso caminho, pois
se pararmos para pensar com calma, perceberemos que só temos um caminho
racional a seguir, o caminho da felicidade.
Daniel Porto